segunda-feira, junho 23, 2008

A Chegar ao Fim!


A chegar ao fim!

Já lá vão muitos meses desde Setembro.
Muito empenho, muita oração, muito esforço.
Nesta altura há sempre sentimentos mistos. Cansaço, alegria do dever cumprido, alguns conflitos mal resolvidos, entusiasmos que cresceram...
Mas, como todos aqueles que dão um pouco da sua vida para que outros possam conhecer o Senhor da Vida, soube-nos bem. Valeu a pena.
Agora é o tempo de festejar a caminhada.
Mas também um tempo de avaliar o caminho. Não de procurar culpados. Mas de identificar o caminho que se fez. De perceber o que funcionou e o que não correu como esperávamos.
É o tempo de sarar as feridas, os conflitos que tenham aparecido ao longo do ano.. de pensar o futuro da catequese.
Apesar de tudo para muitos catequistas foi um ano de grande criatividade e coragem. Os novos catecismos da adolescência e do primeiro ano da infância truxeram aos catequistas um desafio novo; mais responsabilidade, uma melhor preparação dos temas, mais empenho e coragem...
Agora muitos catequistas da nossa paróquia de Santo Tirso e de muitas outras de todo o Portugal vão de férias. Não são férias de fé. Mas são um bom tempo para repousar um pouco. É um tempo bom para descansar, rezar melhor, para recuperar equilibrio e forças. Para ganhar energia para os novos desafios.
Para mim, foi um bom ano catequético, feito com muito entusiasmo, mesmo nos momentos mais duros.
Gostava de agradecer a todos os catequistas o vosso testemunho empenhado no anúncio do Evangelho a todas as crianças e adolescentes.
É um prazer e um motivo de orgulho estar a evangelizar ao lado de catequistas tão criativos, entusiasmados e fiéis.
Estou muito feliz por ter lançado este blog catequético. Não é fácil cativar pessoas que se interessem por temas relacionados com Jesus Cristo, mas ao fim de nove meses de existência deste blog o resultado é muito interessante. Homens e mulheres de outros Continentes visitam o blog diáriamente, desde o Chile, Brasil, Estados Unidos, Itália e outos países.
Uma palavra de agradecimento a todos aqueles ajudam a divulgar este blog entre catequistes e povo em geral.
Bem hajam!
Este blog não tem férias.
Prometo que durante todo Verão irei publicar temas que nos ajudarão a reflectir sobre a catequese.
Até já!

menorodrigues@gmail.com


"DEIXAI VIR A MIM AS CRIANÇINHAS"









menorodrigues@gmail.com

sábado, junho 07, 2008

O jogo das Pedrinhas





O Jogo das Pedrinhas

Era sábado, estava a passar o meu dia de folga em Ponte de Lima, entrei num café para ler o jornal e tomar um café.

Havia pouca gente no estabelecimento, por isso e enquanto tomava o meu café e tentava ler o jornal pude assistir com sossego ao acontecimento, cuja importância fui compreendendo. Era o jogo das pedrinhas. A menina tinha talvez três anos e estava sentada sobre o balcão. Um senhor, que parecia ser o pai, estava diante dela e tinha de adivinhar em qual das mãos tinha a menina colocado uma pedra pequenina. Ela, com os braços atrás das costas, sem que o pai pudesse ver, deixara a pedra numa das mãos, e agora estendi-as ambas, fechadas, para que o pai adivinhasse. O pai escolheu uma das mãos, mas não acertou. Foi isso que a criança lhe disse, começando imediatamente a preparar-se para repetir o jogo. Mas o pai pediu-lhe que abrisse as duas mãos com as palmas para cima. Era preciso que ela apresentasse a prova de que o pai não tinha acertado…

O senhor partiu do princípio de que a filha podia estar a mentir. Não estava… mas abriu as mãos.

Enquanto tomava o meu café assisti ao instante exacto em que aquela menina aprendeu que não era merecedora de confiança, que a sua palavra não tinha valor. que esperavam dela que fosse capaz de alcançar os seus objectivos. Aos três anos. Num jogo. Com o pai.

Muito se poderia dizer acerca das mentiras das crianças ao longo do seu desenvolvimento, muitas vezes relacionadas com a aprendizagem do que é a realidade e do que é a imaginação. Mas acho que este caso não tem relação com isso. Enquanto tomava o meu café e já não conseguia ler o jornal, pareceu-me estar a assistir a um exemplo concreto de como se colocam minas nos alicerces do mundo. A honra de uma pessoa é o reconhecimento de que essa pessoa é íntegra e digna de confiança. O mundo é uma selva, e isso conduziu-nos a desconfiança. Desconfiamos por princípio, por hábito, por medo, por insegurança, por prudência. Desconfiamos sempre.

Se alguma vez confiámos, passámos possivelmente pela amargura de sermos enganados. Desconfiamos porque a nossa experiência de vida nos leva a desconfiar. Aprendemos com os nossos erros e fazemos muito bem.

Fazemos muito bem… desde que não queiramos fazer nada para mudar o mundo, desde que estejamos contentes com a selva que nos rodeia, desde que não nos importemos em ferir as pessoas que estão ao nosso lado. Porque é preciso que tomemos consciência de que ofendemos uma. Não há melhor forma de fazer de uma criança um mentiroso do que desconfiar dela. E confiar nela é necessário para que venha a ser um adulto verdadeiro. Nas crianças devemos confiar sempre. Ao lidar com elas estamos a construir o mundo. Devem crescer com a noção de que se espera delas a verdade, a nobreza, a dignidade. Devem saber que é isso o normal, embora exija esforço. Querem ser boas, querem aprender, querem ser gente a sério. São o que de melhor há no mundo. Têm os olhos limpos, o coração limpo e as mãos limpas. Acreditemos nelas. Se alguma vez nos enganarem, não há o risco de que entendam esse comportamento como normal, porque se hão-de lembrar de que confiamos nelas. Não pensarão:

“toda a gente faz isto”, Sentir-se-ão mal. Terão pena. Voltarão à verdade.

Mesmo que tenhamos sérias dúvidas, será melhor deixarmo-nos enganar do que lançar sobre elas a suspeição, que magoa e marca e arruína. Pode perder-se qualquer coisa, mas é muito mais, e está noutro plano, aquilo que se ganha.


Arménio Rodrigues